Criado e desenhado pelo mangáka Masakazu Katsura, Video Girl
Ai é um mangá que ao decorrer das suas vinte e seis edições publicadas aqui no
Brasil, pela editora JBC, apresenta, além do traço muito
bonito e detalhado, outro aspecto que chamou a minha atenção: A inversão de gêneros.
Video Girl Ai em sua primeira edição é basicamente uma
comédia romântica com sutis toques de erotismo e de drama, enfocada em
demonstrar como Youta aprende a lidar com as mulheres de sua vida e aos poucos
vai ganhando experiência em relacionamentos amorosos.
Na extensão quase que uniforme da primeira edição, o humor é
bem acentuado , alternando-se entre as trapalhadas de Youta e as situações cômicas
e emocionantes que a Video Girl Ai Chan faz o protagonista viver. Momentos
tristes existem? Sim eles existem, porém eles são trabalhados com leveza e sem
um apelo emocional enfático.
Na segunda edição, a partir do capítulo número 7, os gêneros
citados acima fazem uma troca entre si. O drama ganha uma frequência muito
maior, juntamente com o romance e a comédia, por sua vez começa a decair. Ainda que na segunda edição
do mangá, existam momentos mais leves, é perceptível que o drama começa a
possuir um peso narrativo mais influente na história, juntamente com o já
referido romance.
Na edição número três , além de mais situações românticas e
dramáticas vividas por Youta, é fácil perceber que o personagem vai se tornando
mais sério e menos inocente, ainda que
ele esteja dando os primeiros passos no convívio propriamente dito com Moemi e
passe a nutrir sentimentos mais fortes pela Ai-Chan.
Nas edições posteriores cingido em muitas reviravoltas
amorosas e acontecimentos fortes emocionalmente, pouco resta do Youta brincalhão e cheio de dúvidas risíveis a quem
somos apresentados na primeira edição. O personagem amadurece, tem o seu
primeiro namoro, enfrenta o término da sua relação com Nobuko e conforme a
história avança mais percebo que, apesar de ele estar vivendo situações românticas
intensas e marcantes, o que impera nos pensamentos e nos sentimentos de Youta
são melancolia e perguntas que ele mesmo não consegue responder.
É claro que o amadurecer do personagem é algo necessário,
todavia cada vez que leio o mangá, mais eu me pergunto em que lugar foi parar a
felicidade do protagonista, pois mesmo quando ele é pedido em namoro por Moemi,
poucos são os instantes no qual o personagem aproveita a realização do seu
sonho com uma felicidade mais expressiva, digamos assim.
Não sou contra o personagem possuir períodos de dúvida em
sua vivência nos campos do amor, porém senti falta a partir da terceira edição,
da comédia protagonizada por Youta que tinha fantasias e devaneios envolvendo
Moemi e por vezes ele mesmo, o que gerava boas reações cômicas por parte da
Ai-Chan, que de tudo fazia para ter a atenção do garoto.
Em Video Girl Ai, o amor sincero entre Youta e Ai, ganha
muito peso na história, e pelo menos ao meu ver, o protagonista se enfatiza
demais em seus pensamentos e atos os seus dramas pessoais e contradições... E
não consegue aproveitar os bons momentos que vive com as mulheres de sua vida.
Gosto de muitas passagens dramáticas de Video Girl Ai,
todavia não nego que senti falta da atmosfera mais leve e sutilmente fantasiosa
que o mangá exibiu na sua edição de estreia. Considerando que Youta namorou
três garotas diferentes, seria interessante ver como ele descobre e lida com os encantos e
peculiaridades de cada uma delas e até mesmo viver alguma situação engraçada ao
lado delas, afinal por períodos e em
contextos distintos ele pode conviver de modo mais intenso e profundo com elas.
Não digo que o crescimento do drama e do romance tornam
Video Girl ai, um mangá ruim ,ele é uma leitura que eu recomendo, todavia eu
acho que seria possível o Youta aprender mais sobre namoros e mulheres, sem
abandonar tão fortemente o seu jeito engraçado e as suas manias facilmente
identificáveis e aprazíveis... Afinal o aprendizado sobre o amor não precisa
ser sério e dramático o tempo todo não é mesmo?
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